Vetra

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Eu gosto da palavra tempestade. Do conceito de tempestade. E da tempestade propriamente dita. Enquanto a maioria das pessoas tem medo das tempestades e dos efeitos que elas podem causar, com todos seus ventos, raios, trovões, eu sou daquelas que vai para a janela, para admirar a beleza que a natureza proporciona quando se revolta.

E além disso, eu sou nerd – ou geek, se preferir – e como todo nerd eu amo X-men. Meu personagem favorito é a Tempestade (Storm, no original), alter-ego de Ororo Munroe. Pra começo de conversa, Tempestade é descendente de uma antiga linha de sacerdotisas (ponto!), todas tem cabelos brancos, olhos azuis e potencial para usar magia (perfeito!), mas dai você esbarra naquele ponto: Não dá para usar Tempestade como nome próprio.

Eis que usei o Google Tradutor, procurando traduções para a palavra “tempestade” em várias línguas. Então encontrei várias palavras impronunciáveis e uma série de coisas inutilizáveis até que cheguei ao lituano – gente, me convenço que o Lituano é uma das línguas mais lindas do planeta! – onde encontrei duas traduções possíveis para tempestade: Audra e Vetra.

Audra é um nome bem plausível, inclusive. Parece com Audrey. Mas gostei mais de Vetra, por que eu gosto de Petra, era um nome que estava na lista até bem pouco tempo atrás, mas saiu por ser muito curto para mim (sim, eu tenho alguns critérios estranhos). Pietra faz mais sucesso com os brasileiros, mas na minha opinião, nem se compara: Petra é muito mais elegante! Assim, automaticamente, por causa do som, gostei mais de Vetra.

Antes que você se pergunte, não, não tem nada a ver com o Vectra da Chevrolet. Eu pesquisei isso para sanar essa curiosidade que provavelmente está surgindo em sua mente: Esse é um nome selecionado por um computador para obter palavras fictícias que lembrassem a palavra alemã “vector”, que significa “vetor”.

Quase concomitante a isso, acabei lendo Anjos e Demônios, do Dan Brown (conheci o autor com Código da Vinci, depois li todos os livros dele), e nesse livro tinha uma personagem chamada Vittoria Vetra. Não me chamou nenhum pouco a atenção o nome Vittoria, até por que, anda muito “feijão com arroz” no Brasil, mas Vetra me saltou aos olhos. Embora esse era o sobrenome da personagem, foi o que consolidou meu gosto por Vetra.

Acho que Vetra tem o bônus do significado, e também da sonoridade diferenciada. Quanto ao significado “tempestade”, sabemos que ela é um momento em que a natureza mostra todo seu furor, com chuva violeta, nuvens negras, ventos ferozes, relâmpagos e trovoadas. É um momento que o homem se sente amedrontado e intimidado pelas forças da natureza. É como se a Terra mandasse um recado de quem manda aqui.

Além disso, temos uma forte simbologia associada à tempestade. Em muitas culturas, a tempestade era manifestação de algum deus/entidade espiritual/mística. Na mitologia albanesa, Perende era o deus das tempestades; na mitologia andina central, Pariacaca era o deus das chuvas e trovões; Entre os árabes, Et Betel era o deus das tempestades;

Na Armênia, Barshamin era o Deus do tempo, englobando ocorrências mitológicas em geral, provavelmente derivado da divindade Síria Baal-Shamin. Entre os astecas, tínhamos pelo menos três divindades relacionadas ao clima: Chalchiuhtlicue, a deusa da água Chuvas e redemoinhos que inclusive teria sido a responsável por um grande dilúvio que atingiu a Terra; Tlaloc, o Deus da chuva; Yauhqueme, deus da fertilidade e das chuvas Chuvas; Entre os incas, o represente era o deus Apocatequil;

Taranis, deus celta do trovão; Perun, deus eslavo do trovão; Summamus, deus etrusco da tempestade, havendo inclusive em Roma um santuário dedicado à esse deus; Hadad, deus fenício do tempo, sendo que trovões eram considerados seus gritos ecoando através das nuvens; Pajonn e Ukko, que eram deuses finlandeses do trovão.

Na mitologia grega, geralmente mais conhecida, temos Aeolos, deus dos trovões e da tempestade, bem como ventos severos. A mitologia grega atribuía o poder de controle das intempéries a Zeus, o supremo líder do panteão. Segundo a crença, esse deus era o responsável pela formação de todos os fenômenos atmosféricos, tendo a capacidade de agrupar e dissipar as nuvens, comandar as tempestades e criar relâmpagos e trovões, os quais lançava à Terra conforme sua vontade.

Entre os indus, temos os Maruts, que são deuses das tempestades; Outro bem conhecido é Thor, Deus da guerra, do céu e das tempestades (Um dos mais importantes deuses da mitologia nórdica. Ele cruza o céu com uma carruagem puxada por duas cabras, cujas rodas causam o som dos trovões. Ao bater com seu martelo em uma rocha, produzia faíscas que atingiam a terra na forma de raios).

Até mesmo na mitologia tupi-guarani, dos nossos nativos, temos Tupã, uma divindade das chuvas Raios e trovões. Tupã não era exatamente um deus, mas sim uma manifestação de Nhanderuvuçu ou Nhamandú na forma de um trovão.

Os egípcios atribuíam ao deus Seth o título de divindade dos ventos, tempestades e raios. Esse deus era, por vezes, definido como “o senhor dos céus do norte” e apresentava total controle sobre os eventos atmosféricos.

Com isso percebemos que a tempestade sempre teve um papel muito importante no imaginário e na simbologia do ser humano, já que em todas as mitologias – exceto a hebraica que é monoteísta – haviam deuses e deusas, ou divindades e entidades, que representavam a tempestade. Logicamente, esse é um significado de nome poderoso e impactante, e eu imagino que uma portadora do nome Vetra seja detentora de muito desse poder.

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