domingo, 7 de fevereiro de 2016

Morgana



Esse texto é de autoria de Ana Carolina Guimarães, 
publicado originalmente no Blog dos Nomes.
Acesse o link original aqui

"Morgana! Este nome cheio de presença, nobreza, força interna e encantamento – que, algum dia, caso tudo corra bem, tenciono dar a uma pequena fada que venha a ter como filha – enche-me os olhos, os ouvidos e o coração!

Embora a alguns possa parecer carregar uma aura bastante contemporânea, trata-se de um nome deveras antigo, associado a criações literárias produzidas durante o período medieval – cuja fonte de inspiração consistiu nas histórias da lenda do Rei Artur, todo o seu imaginário cavaleiresco e na tradição celta e pagã. Aparentemente, não há quaisquer evidências históricas de seu uso como nome por pessoas reais antes de 1600. 

Do galês Morcant ("mar circular"; "rodeado de mar"), que também dá origem à popular variante unissex Morgan entre os anglófonos, Morgana parece ter tomado forma, como personagem lendária, a partir do século XII, pelos cantos e declamações dos menestréis da Bretanha e de Gales. 

Etimologicamente, algumas fontes atentam, ainda, para o gaélico Muirgen e seu significado "mulher que veio do mar", ou mesmo para "mar belo". Tal origem aquática denota seu vínculo com as águas sagradas, de natureza espiritual, da Ilha Encantada, chamada Avalon – aquelas onde a vida se inicia e dão acesso ao "outro mundo". No folclore bretão, ela é uma ninfa; nas lendas e tradições galesas, que correspondem às primeiras narrativas, é a divindade aquática Modron, filha de Avallach, rei da mencionada Ilha. 

Originalmente, Morgana, conhecida pelo epíteto Morgana Le Fay, a Fada, era associada à deusa irlandesa Macha ou à Morrighan – sendo a primeira, segundo certas fontes, uma das faces desta última, que é a deusa guerreira, da morte e da fertilidade. Mais tarde, em outras versões, convertida em uma grande, mas (ao menos, aparentemente) simples sacerdotisa, surge como a Senhora de Avalon, ali iniciada nos mistérios da magia da religião ancestral e no culto à Deusa. 

Ademais, segundo estudiosos das lendas do ciclo arturiano, Morgana simbolizaria uma figura soberana no Reino das Almas. Nesse sentido, o vocábulo latino "Mors", que corresponde à "morte", e "Ana", em referência à mãe de Maria, revelam-na como a "Grande Mãe".

De modo geral, retratada, ao longo do tempo, como uma personalidade enigmática e paradoxal, Morgana, nas primeiras histórias, é uma fada de natureza essencialmente virtuosa, atuando como aliada de Artur na execução de sua empreitada – conferindo-lhe, basicamente, proteção, os atributos da força e coragem, vitórias e longevidade. Com a gradativa conversão ao cristianismo, vários narradores fizeram as suas adaptações e conferiram outra abordagem a muitos aspectos das velhas crenças pré-cristãs até então presentes nas histórias que contavam – transmudando a personagem em uma figura mais humana, complexa, ambígua e também mais sinistra em razão de sua origem pagã. 

Devo destacar que, se é certo que este prenome já me intrigava e despertava em outros tempos considerável carinho – envolvendo-me em sua sonoridade, especial magnetismo ou energia –, também é verdade que foi a partir da conhecida e influente obra As Brumas de Avalon que Morgana ganhou, finalmente, o meu coração. Dentre as várias personalidades femininas que compõem o ciclo – em geral, indispensáveis no sentido de ajudar a tecer os destinos dos reinos de toda a Britânia –, a Senhora de Avalon parece-me, sobretudo na mencionada versão de Marion Zimmer Bradley, inequivocamente, aquela mais cativante.

Embora, na generalidade das versões, Morgana – cuja figura, na tradição arturiana, pode assumir as formas de donzela, anciã, deusa, fada, sacerdotisa ou feiticeira maléfica – seja certamente uma anti-heroína, é esta complexidade que a torna uma individualidade deliciosamente rica e fascinante. Ao mesmo tempo em que auxilia Artur e empreende a sua desgraça, concorre para a ocorrência de intrigas e mortes e seja tratada como o bode expiatório de todo o mal que acomete Camelot, parece-me também uma mulher particularmente forte, justa, tolerante e fiel ao seu senso de honra. Pratica o auto-sacríficio, é irresignada à ordem estabelecida, em que pese as constantes perseguições. 

Como infelizmente (ou felizmente) não chega a surpreender, o nome desta trágica e distinta heroína está longe de ser dos mais tradicionais ou propriamente apreciados entre os brasileiros e, sobretudo, os portugueses. Pelo contrário, de modo geral, parece encontrar eco em preferências e estilos onomásticos pessoais específicos – o que, pelo seu consequente pouco uso, sem dúvida, confere ao nome originalidade e brilho suficientes. Uma pequena Morgana dificilmente passaria despercebida ou indiferente por onde passasse! Antes, desabrocharia!

Em Portugal, no ano de 2014, Morgana contou com 10 registros; 7, em 2013; apenas 1, em 2012, e 14 em 2011. No Brasil, em que pese a impossibilidade de se avaliar a incidência do seu uso, dada a ausência de dados registrais oficiais em cada um dos estados da federação, parece-me um nome, sem dúvida, invulgar, ainda que não desconhecido por muitos. Um possível caso à parte, contudo, quanto à popularidade de Morgana em terreno brasileiro, estaria no estado do Rio Grande do Sul, vez que, segundo a nossa querida participante Juliana Zalamena, este teria sido um nome especialmente comum à geração de mulheres gaúchas nascidas na década de 90. 

Facilmente identificado internacionalmente, o nome comporta, basicamente, sem a exclusão de outras, as seguintes variantes ou alternativas: 

Morgan (do galês, inicialmente um nome masculino, e atualmente de uso unissexo, em alguns países anglófonos); Muirghein (uso unissexo, irlandês); Morien (gênero masculino, galês); Morgane (gênero feminino, francês); Morgain/Morgaine (uso inicial, aparentemente, exclusivamente literário, representado pelos franceses); Morrígan/Morrighan (personagem lendária, irlandesa, sem indícios históricos de prévio uso por pessoas reais).

Morgana é, em suma, a meu ver, um belo nome por si só – poderoso em aspecto e pronúncia –, além de privilegiado pela carga de sua história reconhecida e (re)contada ao longo dos tempos, que nos traz uma personagem arquetípica, repleta de simbolismo, que exala força, perseverança, autoridade e empoderamento feminino e que, sobretudo, é profunda e complexamente humana".




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17 comentários:

  1. Nadya Morgane , é o nome da minha fadinha , que hoje já tem 9 anos! Morgane , nome cheio de magia e poder ❤❤❤❤❤❤

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  2. Nadya Morgane , é o nome da minha fadinha , que hoje já tem 9 anos! Morgane , nome cheio de magia e poder ❤❤❤❤❤❤

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    1. Nunca tinha pensado em Morgane e nem nesse composto mas achei bem simpático, Raquel, parabéns pela filha.

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  3. Morghana Brisa Vitória é o nome da minha sacerdotisa/bruxa de 13 anos . De personalidade forte como o nome significa.

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  4. Oi meu nome é Morgana nasci em 1974 qdo eu era criança sofri muito com buling por causa do nome mas hoje adoro meu nome é sou forte como ele .Adorei o que vc escreveu

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    1. Oi, meu é Morgana e também nasci 1974 e também sofri muito bullying por causa do meu nome e odiava ele. Depois aprendi a gostar do meu nome e não o troco por nada.

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  5. Oi... se meu bebê nascer guria será Morgana!!!

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  6. Olá meu nome é Morgana Zarrára
    A Bruxinha de 14 anos rsrs♥️♥️

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  7. Meu nome é Morgana , hoje amo meu nome é tenho orgulho de te - lo , após saber o seu forte significado . Já passei por algumas piadas e me sentia mal, mas porque antes eu não sabia o poder que esse nome tem .

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  8. Meu no me é Morganna eu quería Morgan mesmo

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  9. Olá,também me chamo Morgana e sou apaixonada pelo meu nome e sim sou forte e negra com muito orgulho

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  10. Minha filha se chama Bárbara Morgana, era pra ser meu nome, quando engravidei e descobri o sexo, não pensei duas vezes em colocar esses nomes.

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  11. Eu me chamo Morgana rsrs não sei da onde minha mãe tirou esse nome, no meu tempo de colégio não gostava do meu nome pois viviam falando,"oi morgada, estou Morgado hoje" odeio quando me chamam de morgada kkk,mas hj em dia amo meu nome rsrs .

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  12. Meu nome é Morgana... Foi escolhido pelo meu pai e a família achou um nome muito feio na época. Nasci em 1980 e não tinha ninguém conhecida com meu nome. Mais eu sempre ameiii. Me lembro de escrever meu nome por tudo q é parte e acho q por isso as pessoas acabaram achando q ele combina muito comigo. Amo ter um nome diferente e especial como o meu. E amo mais ainda meu pai por ter me presenteado com ele. ❤️❤️❤️

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  13. Meu nome é Morgana, nasci em 1990, minha mãe (Magda Regina❤️) escolheu o nome Morgana, quase todas as mulheres da minha família carregam um nome com a letra M, e eu simplesmente amo o meu. Adorei todos os comentários,parabéns pelo texto sobre o nosso nome, amei!������

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  14. O meu é Morgania Michele, uma apaixonada pelo mar... Acho que hoje em dia me adaptei bem, mas na infância foi difícil...
    Gosto do meu nome, gosto de ser assim ☺️ gosto de outras como eu

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  15. O meu nome é Morgana Maria nasci em 1983

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