quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Marília



Marília é, possivelmente, uma variante poética de Maria. Foi introduzido pelo poeta luso-brasileiro Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), que inventou o nome para seu poema lírico “Marília de Dirceu”, que ele próprio escreveu sob o pseudônimo de Dirceu.

O nome foi pelo menos parcialmente inspirado por sua amada, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas. Além disso, observe que, nestes tempos modernos, pode haver casos em que Marília é uma contração de Maria Lucília.

No Brasil, além de um nome literário, pode ser considerado geográfico, pois existe o município de Marília/SP. É um nome que sustenta personalidades de peso: Marília Gabriela, apresentadora, jornalista e escritora brasileira e Marília Pêra, consagrada atriz brasileira. Essa última, além de interpretar, também canta, dança e atua também como coreógrofa, produtora e diretora de peças e espetáculos musicais.

É um nome raro no Brasil dos dias atuais. Marília obteve apenas 33 registros no estado de São Paulo em 2014 (Arpen/SP), enquanto a versão sem acento, Marilia, obteve 18 registros.

Marília é um nome permitido em Portugal, mas também só obteve 5 registros com acento e 1 registro sem acento, além disso, foi mencionado apenas duas vezes em nomes compostos.

Um trecho, considerado por Gonzaga a mais bela lira do poema, de Marília de Dirceu:

Lira III
Tu não verás, Marília, cem cativos
Tirarem o cascalho, e a rica, terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos,
Ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
Do pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro
No fundo da bateia.
Não verás derrubar os virgens matos;
Queimar as capoeiras ainda novas;
Servir de adubo à terra a fértil cinza;
Lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
Das secas folhas do cheiroso fumo;
Nem espremer entre as dentadas rodas
Da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
Altos volumes de enredados feitos;
Ver-me-ás folhear os grande livros,
E decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos.
Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fatos da sábia mestra história,
E os cantos da poesia.
Lerás em alta voz a imagem bela,
Eu vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo
O cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
Que tens quem leve à mais remota idade
A tua formosura.




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