quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Nomes de Irmãos que Combinam - Opinião





Para mim, que sou “Name Nerd” desde a adolescência, dificilmente há atitude mais datada e ultrapassada do que buscar nomes praticamente iguais para os filhos, tanto em rimas (Ex: MariANA, ViviANA, LiliANA) quanto em letras iniciais (Ex: ISAdora,ISAbela, ISAac; MAdalena, MAfalda e MArgarida, etc.)

Algumas coisas são toleráveis: um filho chamado Marcos e uma filha Morgana, por exemplo, são nomes que iniciam com a mesma letra, mas possuem estilos e sonoridades diferenciadas. Outras coisas são bizarras: um irmão chamado João Pedro, e outro chamado Pedro João. O irmão chamado Gabriel e a irmã Gabriela. Ou ainda pior, uma irmã Luiza e a outra Luise.

Primeiro que a escolha do nome do primeiro filho é independente: Escolhe-se determinado nome por que se gosta, pura e simplesmente, da grafia, da sonoridade, da história que o nome possui. A escolha do nome do segundo filho já vem condicionada e limitada a “algo que se pareça com o nome do irmão”. Ou seja, o segundo filho poderia ter uma infinidade de opções para o seu nome, mas é limitado pela existência de outro ser (totalmente independente dele), mas que condiciona o modo como ele vai ser chamado. É profundamente injusto.

Segundo, irmãos compartilham já boa parte do DNA, compartilham o mesmo pai e a mesma mãe, o mesmo sobrenome e em muitos casos, o mesmo quarto, mesmos brinquedos, entre tantas outras coisas. Precisam mesmo compartilhar o nome?São duas pessoas distintas, dois seres humanos que tem um material genético parecido, mas que possuem personalidades e identidades diferentes. Não há nenhuma necessidade de ter mais nada parecido.

Ocorre o mesmo com as rimas: Julieta, Marieta e Violeta; Catarina, Marina e Valentina; João, Sebastião e Abraão; Matias, Tobias e Isaías; Não há necessidade disso, mas muitos pais levam esse critério em consideração.

Esse costume é enraizado na sociedade: Basta ver a quantidade de pais que vestem seus filhos com roupas idênticas, como se eles fossem produção em série, Xerox uns dos outros. 

É claro: Piora bastante em gêmeos, cujos pais insistem em vestir igual, comprar sapatos iguais e materiais escolares iguais. Seguindo essa lógica, parece crucial que os nomes sejam quase iguais, ao ponto de mudar apenas uma letra (Gabrielle e Gabriela, Danielle e Daniella, Isabel e Isabela – ninguém merece). Ou seja, já não bastam os genes idênticos.

Essa situação fica ainda pior quando as famílias são numerosas. Escolhe-se o nome do primeiro filho com J, por exemplo, Julio. O segundo e o terceiro tem nomes com  J também, mas aceitáveis, como Jorge e Janaína. Mas quando chegar ao sétimo ou oitavo filho, já estarão pegando qualquer nome aleatório desde que seja com J, então azar dos últimos filhos que obviamente se chamarão Josecleide e Juvenal (ou coisa pior).

Se os pais gostam muito de um nome que tem a mesma inicial dos outros filhos, não sejamos intolerantes em dizer que eles não podem usá-lo. Acabamos de dizer que a escolha do nome do irmãozinho não deve estar presa ou condicionada a nada, a não ser o carinho que os pais têm por aquele nome. Se valer para “não precisa ter a mesma inicial ou a mesma terminação”, vale também para salientarmos: “Não tem necessidade nenhuma de abrir mão de um nome que se gosta muito só para fugir da mesma inicial ou da mesma terminação”.

O que não acho correto é condicionar a escolha do nome de um filho baseada na inicial ou na terminação do(s) irmão(s) maiores. É uma forma nada discreta de fazer com que os filhos mais novos pareçam um “produto” ou “imitação” do primeiro, e não é saudável para a formação e o desenvolvimento da personalidade e da identidade de cada um.

Cada filho é um novo ser, uma nova pessoa. Não podem ser entendidos como acontinuação uns dos outros.

Irmãos jamais serão iguais, e, portanto, não precisam ser cópia um do outro. Muito menos no quesito nome. Por isso, acredito que os pais não devem condicionar suas escolhas dessa forma.

Para que não fique muito dissonante, podem escolher os nomes todos dentro de um mesmo estilo (Clássico, Vintage, Moderno, etc) ou dentro de um determinadonúmero de letras

Ter uma filha chamada Aurora e outra chamada Estela, por exemplo, fará com que os nomes combinem por que tem a mesma “vibe”, mas não a ponto de parecer repetição uma da outra. Isso é natural, afinal, espera-se que os pais que estão escolhendo o nome tenham uma opinião formada, um gosto pessoal definido e irão escolher o nome dos filhos de acordo com isso.

Ou então, pode-se optar por escolher nomes que remetem a determinada coisa ou então que tenham significados parecidos. Por exemplo, Marina, Acqua e Oceana são nomes que remetem ao mar; Stella, Luna, Celeste, Hélio, são nomes que remetem ao céu; Rosa, Margarida, Amarílis, Violeta são nomes de flores; Débora (Abelha), Paloma (pomba), Raquel (ovelha), Úrsula (ursinha), Bernardo (Urso), Filipe (amigo dos cavalos), Caleb (cãozinho), Lopo (lobo), tem significados que remetem aanimais.

Ou ainda, Paloma, Jonas e Yoná têm o mesmo significado (pomba, em latim e em hebraico). Dara, Stella e Tainá, têm o mesmo significado em línguas diferentes (Estrela em javanês, latim e tupi).

Como você pode ver, há inúmeras formas de “combinar” o nome dos filhos sem que eles pareçam análogos, uniformes, idênticos.

Portanto, o conselho que deixo é: Não se prenda a detalhes sem importância para a escolha do nome dos filhos, e com certeza a mesma inicial ou a rima é um desses detalhes insignificantes. Não há necessidade nenhuma de escolher nomes quase iguais, e quanto menos se parecerem melhor para a formação da identidade de cada um. 



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