Pandora

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Significa “todos os presentes”, derivado de uma combinação do elemento grego παν (pan) que quer dizer “todos” e δωρον (doron), que quer dizer “dom, presente”. Na mitologia grega, Pandora foi a primeira mulher mortal, a qual Zeus deu uma caixa contendo todos os problemas e males que a humanidade conhece, e disse-lhe para não abri-la. Entretanto, a curiosidade de Pandora era tanta que ela a abriu, liberando todos os maus espíritos no mundo.

Muitas pessoas o consideram um bonito nome, mas carregado de um “lamentável estigma”: o estigma de ter aberto a caixa e ser, portanto, a culpada por todos os males da humanidade. Entretanto, meu argumento é de que Pandora é, na mitologia grega, um equivalente a Eva, na mitologia hebraica adotada pelo mundo cristão. Eva, que comeu a maça, também é culpada pelos males da humanidade.

E não encontramos uma abundância de Eva’s no mundo cristão? Pandora, assim como Eva, não era má: era curiosa, inteligente, perspicaz e inconformada com regras. Ela bateu a tampa da caixa bem a tempo de não deixar escapar a esperança, e deste modo, a lição é simbólica: devemos manter a esperança mesmo quando todos os males e dores do mundo estão ativos.

Pandora é essencialmente uma outra versão de Eva (e aliás, quando é que não são as mulheres as culpadas de todas as dores do mundo?), e ninguém parece evitar Eva por conta disso. Ou seja, o mito de Pandora é misógino, que tenta provar  - assim como em tantas outras culturas – que as mulheres são culpadas por todas as desgraças na Terra. Todas as grandes culturas clássicas têm mitos fundadores como este.

Agora, imagine um mundo sem males, sem esperança. Seria o tipo de mundo chato. Sem maldade não poderia haver bondade, ou pelo menos ninguém reconheceria ou apreciaria a bondade. E além disso, as mulheres culpabilizadas pelos males necessitam de um olhar novo, feminista, libertador. É por isso que amo nomes como Lilith, Jezebel, Dalila, Desdêmona. Além disso, não podemos falar de mitos como se fossem verdade: nunca houve – pelo menos comprovadamente – uma menina que abriu qualquer caixa ou pote cheio de maldade e esperança.

Outro nome de Pandora, citado em algumas fontes, foi Anesidora, supostamente era esse o nome que estava escrito em seu corpo quando foi feita por Atena e Hefesto. Tecnicamente não é um "famoso portador", mas Pandora é a terra fictícia onde acontece a história do filme Avatar. Já uma famosa portadora é a atriz inglesa Pandora Clifford;

No Brasil, segundo o IBGE (Nomes no Brasil, Censo 2010), há 181 pessoas chamadas Pandora. É um número baixo considerando o tamanho do país e o tempo de mais ou menos um século abrangido pela pesquisa. A maioria nasceu nos anos 2000, e o local de maior frequência é Rio de Janeiro. 

Isso talvez se deva à personagem Pandora, da novela O Beijo do Vampiro, que foi exibida pela Rede Globo no ano de 2002 e início de 2003, interpretada pela atriz Juliana Lohmann. Recentemente, Pandora foi o nome dado à personagem de Tatá Werneck na novela I Love Paraisópolis, mas ela era chamada de Danda. 

Sou daquelas pessoas que acredita que o nome de uma pessoa tem muito poder. É uma palavra, e toda fonte de energia do ser humano é expressa através das palavras. Vejo uma Pandora como uma mulher guerreira, lutadora, consciente da sua condição feminina e batalhadora pelos direitos das outras mulheres. 



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